sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Nossa doce espera

        E foi essa primavera que nos trouxe a doce notícia da vida que já havia se iniciado em mim...


     Dessa vez não estávamos na expectativa, era o périodo de investigação da causa das perdas anteriores e o médico nos advertiu de nos previnirmos para evitar uma possível concepção ... E assim estava sendo feito. Testes e mais testes, acompanhamento ginécologico e genético ... Uma pequena cirurgia uterina marcada pra retirada de um pequeno septo, um resultado inesperado necessitando de mais investigações... Cada coisa nos distanciava um pouco da possibilidade imediata de ter um filho, Lidar com esses sentimentos contraditórios e com a possibilidade de ter que fazer procreação assistida, com os riscos ... gerava um certo desconforto no intimo, um desafio à ser vencido, um desconhecido que adentrava nossa vida sem pedir licença. Mais uma vez treinamento intensivo na arte da entrega, de se manter confiante na vida mesmo se o caminho se mostrava embaçado.


         Mas a providencia divina age de forma tão certa em nossas vidas que foi num pequeno descuido (melhor dizer que foi num cuidado divino) que o nosso milagre se fez presente e o sopro de vida começava mais uma jornada de desenvolvimento. O meu mundo exterior não fazia idéia do que se passava por dentro ... participei da corrida colorida, trabalhei dez plantões noturnos seguidos duas vezes seguidas, andei muito com Najla e Roni acompanhando nas compras... até que resolvi fazer o teste por desencargo de consciencia pois não cogitava a idéia já que estavamos nos prevenindo. E o teste me paralisou ... como assim? Me belisca. Posso sair do meu modo "um dia quem sabe" e entrar novamente no modo "é verdade"? Sim, ainda parecia uma verdade distante e um perído de assimilação e transformação foi se instalando. E a cirurgia foi desmarcada (ufff!).
         Nova etapa, novos medos... que chato ainda cultivar o medo enquanto se pode cultivar a fé. Mas a ambiguidade fazia morada em mim apesar da balança pender mais pro lado da confiança. Cada ultrassom me fazia mais confiante e eu ia assimilando mais essa verdade linda que crescia dentro de mim com o coração acelerado. Aos poucos os amigos foram percebendo as mudanças em mim... Mas como tudo vem seguido de fortes emoções, no dia da nossa cerimonia de cidadania tb fomos surpreendidos com um pequeno sangramento .... AHHH... e foi aí que a balança pesou pro medo, mas colocava insistentemente todos os meus mecanismos para mantê-la na fé e na confiança. Oração e entrega... e foi um balsamo vê-lo dando cambalhotas dentro de mim, talvez alheio ao mar de emoções vividos naquele dia. Bom... os médicos não encontraram nada de errado, o sangramento parou e eu tive que pedir licença no trabalho por duas semanas. Semanas de "lazy days" de repouso e caminhadas tranquilas na beira rio... semanas de orações... estava me sentido tranquila e mantinha a confiança na vida. Aliàs, esses primeiros meses eu fui invadida por um cansaço e sono sem fim, minha energia minava, minha respiração ficou facilmente ofegante e superficial....e com os exames vimos que estava com hipotireoidismo... Bom, comecei os medicamentos.
             Agora já entrei de licença do hospital pra estudos e iniciei meu ano escolar na universidade com força total.. 6 cursos à tempo integral e estágio me aguardam. Estamos todos bem, confiantes na providência divina e gratos por esse momento sublime em nossa vida.



quarta-feira, 30 de julho de 2014

Cidadãos do mundo

             
"Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer..."

        A antiga lição de viver pela pátia e morrer sem razão, já descrita pelo poeta, não embalava nossos corações. Gosto da idéia que somos seres universais "caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não... aprendendo e ensinando uma nova lição". E assim seguimos todos os passos, construímos novos saberes, adquirimos novos costumes e aprendemos à nos moldar à uma nova realidade, à uma nova sociedade...sem esquecer a nossa essência e a nossa cultura. 


         A cerimônia da cidadania foi muito emocionante. Foi realizada no salão do Hotel Marriot de Montréal e ao todo éramos 375 novos cidadãos canadenses! A juíza nos fez reviver passos antigos, obstáculos superados, momentos de construção e reconstrução de nós mesmos, questionamentos antigos que iam sendo descarrilhados e compartilhados de forma coletiva... Sentia-se uma vibração de vitória pairar no ar, viam-se sorrisos, rostos pensativos e lágrimas rolarem sendo testemunhas de tantas vivências e superações. Gente de todo jeito e de todo lugar, vindos de 65 países diferentes... dividindo aquele momento único na vida de cada um que se encontrava ali. Fizemos o juramento à rainha do Canada (Inglaterra) e cantamos o hino.... Ô Canada !! Eu tremia a voz e não entendia como era forte. Eu sempre adorei cantar o hino do Brasil e nunca imaginei que pudesse sentir qualquer emoção com outro hino. Mordi a lingua... mas essa sou eu, Mme sentimentos aflorados! rsrs

         E agora estamos preenchendo os papéis para os passaportes canadenses... 


quarta-feira, 23 de julho de 2014

5 anos mais tarde...

      Iremos receber a nossa tão esperada cidadania canadense! Mais uma etapa completada, um ciclo que se fecha e um sonho que se realiza. Em tempos de copa do mundo a brasilidade aflora nos corações tupiniquins e nos faz lembrar das nossas alegrias, das festas, dos reencontros... escutar os pandeiros, a cuíca e os tambores brasileiros ainda faz aumentar o baticum do meu coração.... mas esse pacote de ilusão é muito efêmero e passa como um chorinho triste. O nosso Brasil varonil não estava mais compatível com diversos valores que gostaríamos de preconizar e viver sem ter que se explicar e "dar jeitinho"... encontramos nessa sociedade que nos acolheu mais civilidade e oportunidades de viver mais honestamente com nossa consciencia e com o proximo. Claro que por aqui ainda existem várias mazelas culturais e sociais, mas nos sentimos tranquilos com nossa escolha, nos sentimos integrados em uma nova sociedade e conseguimos enxergar um futuro mais digno.
       Nossa vida aqui é impregnada da cultura brasileira, nossos melhores amigos são brasileiros e nossos fins de semana são em português com muito oxe, valha me Deus, e uma nordestinidade sem fim. E eu adoooro. A semana de trabalho em francês com colegas de diversas outras nacionalidades, as aulas, as saídas, as coisas diarias como fazer compras, resolver pepinos do cotidiano.... nos fazem membros ativos na construção da vida cidadã cotidiana quebecoise (quebequense). E agora vamos adquirir o direito de votar como cidadãos canadenses. 

           
       Já faz parte da nossa vida essa cohabitação intensa das duas nacionalidades em nosso coração. Nossas raízes brasileiras são solidas .... fomos construídos por essa cultura e somos parte ... somos representantes oficiais do Brasil aonde passamos. Agora construimos tb a nossa porção canadense e com orgulho da nossa caminhada. Não foi dado.... muito suor, lágrimas e sacrifíos estão na escrita dessa história.
E assim seguiremos... corações divididos, mas com passos de quem sabe onde se quer chegar.
         A cerimonia da cidadania e o juramento de fidelidade à rainha ocorrerá na sexta, dia 25/07! fotos em breve...

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Sobre a universidade... Aprendizado em ebulição!

     Minha saga de estudos continua à todo vapor ... mais um ano concluído. O ano letivo por aqui se inicia em setembro e termina em maio. Quando embarquei nesse desafio de recomeçar a facudade não tinha nem idéia do que a vida me reservava e esperava só começar em tempo integral pra cair em tempo parcial o mais rapido possível...Mas a vida se mostra uma caixinha de surpresas e acabei terminando o meu primeiro ano completo, 11 cursos ao todo, em tempo integral.


     Como se passa os cursos na Universidade de Sherbrooke? São cursos independentes e dados ao mesmo tempo (diferente da Universidade de Montréal), alguns com leituras só em inglês e provas em francês, alguns são presenciais e magitrais, alguns são por método de aprendizadem por problemas (tipo não existe aula com professor, mas sim encontros de grupo onde se discute dez quilometros de matéria que vc estuda autonomo em casa e tem um monitor pra tirar só as dúvidas). Bom... digamos que foi ultra intenso. Cada curso demanda muita energia, com muita leitura de base em inglês, relatórios em francês, uma enxurrada de trabalho de équipe, apresentações orais, teatro e filmagens diante da turma. Isso tudo demanda disciplina e concentração à nivel master e uma capacidade de abertura à novas experiencias. E digamos que existe uma vida paralela à vida de estudos que se entremeia e fica bem dificil conciliar com tranquilidade e calma tudo. Gerenciar o caos em alguns momentos, antes de "pêter la cloche" (explodir e se lascar rsrsrs) ou mesmo depois rsrsrs, é um desafio.
      Alguns dos cursos: 

  • Biologia: todos os livros e artigos são em inglês, o formato é aprendizado por problemas, só se fala com o professor se for com rdv (rendez-vous) marcado com antecedencia... Os grupos são escolhidos pelo professor e se vc quiser mudar tem que apresentar um booom motivo, pois o objetivo é permitir também a gestão e resoluçao de problemas pelo proprio grupo. Existe uma parte da nota de cada membro que é dada pelos outros membros. É necessário um comprometimento enorme com a équipe e uma paciencia de monge pra lidar com as diferentes opiniões, o tempo limitado e a necessidade de ser objetivo e claro pra ter um bom rendimento. As leituras dos casos clínicos são feitas na semana anterior aos encontros, precisamos construir esquemas de estudo segundo o software CMAP (que eu não conhecia e tive que me virar pra aprender) onde se deve resumir a matéria estudada em forma de algoritimo. Discutimos e construimos um algoritimo em comum em grupo durante uma hora, depois vem um monitor que fica respondendo nossas dúvidas durante outra uma hora e depois já lemos a situação clínica a ser estudada pra proxima semana... ou seja, se vc não tiver com a matéria em dia vc literalmente se lasca "de com força"... o monitor só responde dúvidas, que se vc não tiver se preparado, simplesmente não vai haver perguntas consistentes e vc vai boiar! Método radical, mas que traz muito aprendizado....affff mas ainda assim prefiro o conforto do tradicional, onde eu me sinto mais à vontade com a gestão do meu tempo de estudo. Isso aí é pressão demais, faca na caveira rsrs. Em semana de provas pra outros cursos , vc literalmente enloquece pra conciliar tudo... Os estudos que me despertaram mais interesse em Biologia foram os módulos de cardiologia, do estudo da dor e da depressão.... eu me perco no fascínio de tanto conteúdo ainda novo pra mim. Relacionar o mecanismo de ação e o funcionamento dos detalhes da máquina humana, das células, dos neurotransmissores, das glandulas endócrinas, do coração.... me mostra a beleza da conjução material e me faz ter cada vez mais certeza que existe um comando muito maior na regência dessa bela orquestra do nosso organismo. Essa sensação alimenta minha vontade de progredir.

  • Filosofia do cuidado: foi uma boa surpresa e foi uma delícia estudar isso com nossa professora maravilhosa. Estudar as escolas que orientam a pratica de enfermagem e se identificar com o percurso escolhido é gostoso... ahhhh como é linda a téoria rsrsrs (soa até ingênua) sei que a prática é bem diferente, mas acredito que devemos construir a nossa identificação pessoal e profissional pra atingirmos uma realização mais plena. As pessoas em geral acham que isso é só "pelletage de nuages" (coletar nuvens com uma pá, "enchimento de linguiça"), falar de tudo e do nada e não chegar a nenhum lugar... mas pra mim faz sentido, e é isso que importa.
  • Abordagem familiar (Approche Familliale): aprendi diversas técnicas de abordagem ao paciente e à familia que sentia ainda muita falta no desempenho do meu trabalho. Fazer o outro falar, mas não só falar por falar, mas falar do medo oculto, daquilo que ele quer esconder dos outros e de si mesmo refletir seu comportamento, escutar com paciência e poder fazer a diferença na caminhada de alguém. Ainda me sinto muito distante do "fazer a diferença", mas estou descobrindo o caminho aos poucos. Fortaleci a noção da importancia e da influência do auto-conhecimento para o desenvolvimento da relação de ajuda. Antes de poder ajudar alguém, tenho que ter a consciência do meu "eu" e da influência do outro sobre mim. Autoobservação...Vi que existem diversos campos de trabalho e de conhecimento que posso desenvolver com o tempo pra poder me sentir um agente de transformação na vida de pessoas. E já passei a utilisar e integrar naturalmente essas técnicas no meu dia-a-dia com meu ciclo social.... aí vejo nítidamente a influência da lingua e da cultura no meu poder de intervenção de ajuda. Mas é assim mesmo, um passo depois do outro (Piano, piano...), com a certeza que a estrada é longa mas gratificante. Compreender as entrelinhas do pensamento e do comportamento alheio é um desafio, imagine quando isso acontece com uma cultura e uma lingua diferente da sua... Nesse curso desenvolvemos ateliers de situações clínicas onde temos que fazer representação teatral, construir um portfolio de aprendizagens, realizar entrevista gravada com uma familia em situação real de processo de transição ou de doença e construir em équipe um filme de 15 minutos sobre uma relação de ajuda adequada. 
  • Ética do cuidado: aí vejo a importancia do desenvolvimento da base profissional. O conhecimento dos limites dos comportamentos e da influência das decisões dos profissionais de saúde reflete a construção da idoneidade moral e profissional das pessoas que escolheram essa área de saúde como campo de trabalho. Quando me lembro da minha cadeira de ética que tive na faculdade no Brasil ... quanta diferença! Me desculpe meu professor que podia ter as melhores intenções, mas tinhamos discussões superficiais sem tanto apoio científico, slides vazios da minha compreensão que não faziam conexão franca com a téoria e a realidade. Talvez tb fosse a minha maturidade... No "replay" desse curso, agora onze anos depois, posso ver a diferença de conteúdo, de ensino e de debates entre alunos..... E ver o destrambelhamento da falta de ética na odontologia brasileira (e em várias outras coisas mais...).

terça-feira, 6 de maio de 2014

Afinando as cordas mentais

     Ventos da primavera me fizeram retornar aqui... Adoro essa época de renovação da vida, de limpeza astral e matérial e de renascimento das buscas e dos sonhos. A primavera me faz acordar na alma sentimentos bons, tirar a poeira e ganhar coragem de prosseguir planos ... como a natureza pode influenciar tão fortemente o nosso viver e o nosso olhar diante de tudo. 


     Pra começar...queria agradecer infinitamente por todos os pensamentos, vibrações e demonstrações de carinho que recebi depois dos últimos furacões que passaram na minha vida. Senti as gotas de luz das palavras, do olhar, da mão no ombro e principalmente das preces direcionadas a nós. A cada dia fico mais impressionada com o poder da comunicação mental e da prece em nossas vidas. Vivenciar a perda e o luto não é fácil e demanda muita positividade e proatividade. Queria muito ter retornado à escrever antes, tanto pra demonstrar minha gratidão quanto pra aliviar meu espírito, mas....só conseguir sair do meu turbilhão à pouco tempo...e aí só agora posso por em letras uma parte do meu universo mental dos últimos tempos.

     Fevereiro chegou com seu peso branco do inverno forte, com meu coração em frangalhos e meu cérebro à mil com as provas de meio de sessão... foi mês de médicos e mês de eu ser a "paciente"... consultas e acompanhamentos semanais, choro frequente, maxilares e ombros tensos, luta interna de conexão entre razão e emoção, gestão de tempo e sono... uufff o peso tava dificil de carregar...acabei deixando minha yoga de lado e sem exercicio físico meu stress "pipoca". E ainda fui convocada pra tirar minhas digitais pra prosseguir o processo de cidadania... Parecia que o universo conspirava contra mim ( mas isso foi só um pensamento inútil no momento de desconsolo...).

     Procurei ajuda profissional e fiz acompanhamento psicológico durante todo o mês de março... e aos poucos, tudo foi decantando e entrando mais em ordem ... fui afinando as cordas de ligação entre o cérebro e o coração. Consegui começar a fazer uma investigação médica sobre os abortos (e mais exames, mais questionamentos, testes généticos , mais espera...). Reflexões internas, aceitações, aprendizados ... e enquanto isso, minhas atividades na faculdade à mil... (talvez mereça um post sobre minha visão da universidade...)

      Bom, abril chegou com uma infinidade de trabalhos em equipe e todas as provas finais, com a chegada de Lilian e Rodrigo (mais primos imigrando!!!), com o aniversário do Anércio, com entrevista no trabalho dele e finalmente sua promoção! e ainda com a decisão de mudar de departamento no trabalho (outro post!). Parecia impossível conciliar tudo!!! Essa intensidade de vivências me fez sentir frequentemente vontade de escrever, não cabia em mim mais tanta coisa acumulada .... mas o meu tempo estava cronometrado! Não podia dar expansão ao meu pensar e isso me faz me sentir bloqueada... As ultimas semanas foram de noites mal dormidas com sonhos loucos invadidos pela matéria estudada na noite anterior, com auxílio constante de relaxantes musculares ... cansada, exausta. Segundo minha psicóloga, alto risco de burn-out... Daqui a duas semanas termino meu ultimo curso da sessão de inverno (já terminei 5! graças...)


     O que fazer diante do meu turbilhão? Aprendendo a dominar as emoções, modelando minha personalidade com "hardiness" (transformando problemas em desafios e oportunidades de crescimento), fortalecendo minha fé e confiança na providencia divina. Ainda longe do equilibrio, mas com mais consciencia do meu pensar e do meu agir. Em construção...
          Ahhhh... e mais uma etapa se aproxima: prova da cidadania!    
E em tudo dai graças...

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Há meros devaneios tolos a me torturar...

Sempre assim, simples assim...
Porque escrever me liberta, faz meus pensamentos discutirem com minhas letras, refletirem e levarem um peso de mim. Porque os antônimos cohabitam em mim e quando a guerra de quem prevalece se torna eminente... eu escrevo pra encontrar a paz... pra fazer as pazes entre esses antônimos e encontrar na verdade, o equilibrio.
Porque ainda encontro tanta resistência em aceitar a vida e seus desafios de forma tranquila e serena... teimo em ir atrás de "porquês", quando a resposta é tão simples e eu até já conheço... são expériencias que me servem de engrandecimento e evolução, que eu tanto peço coragem pra enfrentar em minhas conversas com Deus... e quando estou de frente com o desafio, me sinto tão incapaz e pequena.. poderia fazer melhor. Parece que li a "receita" num sei onde e esqueci de usar alguns ingredientes... parece uma conversa conhecida que esqueci alguns pedaços e fica dificil fazer a união das partes pra compreender, pra seguir o "fio da meada"...
Intensas emoções habitam e se espremem em alguma parte de mim pra saber qual é a que tem prioridade. E assim vivo na minha luta ativa contra a conexão com as vibrações baixas, a busca do equilibrio... isso demanda energia e disciplina. 
Em novembro me deixei invadir... deixei a corrente me levar, não queria aceitar a avalanche que me dominava, queria só existir sem fazer forças pra ultrapassar os desafios... e nessa ingenuidade sem ação, conheci un "blues"desconfortável, apaguei minha luz temporariamente... mesmo sem muitos perceberem a dimensão que isso representava. E assim me senti "murcha" diante da vida. Utilisei o possível de minhas energias pra seguir meus objetivos imediatos, à curtissimo prazo (ansiedade de sempre querendo as coisas pra ontem...) E consegui... Mobilizei forças do céu e da terra e consegui o que parecia escorrer pelos meus dedos. Passei em todos os cursos do semestre na universidade, consegui meu afastamento temporário no trabalho, fui ao casamento da minha outra irmã no Brasil e, de presente de Natal, engravidei de novo.
Boom! Estava me sentindo extenuada de cansada e tanta coisa boa assim foi um balsamo !!! Viver esse momento tão único ao lado de minha família e amigos foi realmente como uma chuva de bençãos que veio renovar minhas energias. Foram 3 semanas de tranquilidade, carinho e amor compartilhados. Sem falar da oportunidade que tivemos de retornar em Jericoacoara, sentir a presença divina naquela natureza linda e rememorar nossos anos muito bem vividos por lá. E esse ano comemoramos nossos 13 anos de relacionamento com muita felicidade!
De retorno à vida real, com uma semana de atraso na faculdade, mais uma vez as gotas de sangue vieram me puxar à uma nova (já conhecida) realidade... Sim, com 9 semanas, a nossa gravidez foi interrompida espontaneamente de novo. Ver o sonho se desfazer.. Enfrentar, aceitar com resignação, ser forte, engolir seco e extravasar... mas acima de tudo confiar... Entre explicaçoes cientificas e estatisticas, aceitar como uma realidade normal : o erro cromossomico tão provável e quem sabe protetor (sim acredito na perfeição da natureza, mas meu egoismo ainda está sendo trabalhado) Porém isso não me completa, sinto meio que um curto-circuito entre minha razão e minha emoção.... e o enorme vazio fica sendo preenchido com o engrandecimento e o amadurecimento da minha fé... sim, a confiança em que nada acontece por acaso, que temos missões à cumprir e provações à vivenciar. E assim eu retorno à meu equilibrio (neutralizo o curto-circuito... rsrsrs). As repostas aos meus devaneios são claras e sinto-me protegida quando estou conectada aos meus ideais espíritas-cristãos. Porém... pra manter essa conexão, é necessário muita energia e disciplina (Vigiai e orai sempre!).... principalmente quando se está estudando a tempo integral com seis cursos e muita, muita matéria acumulada. Gestão de pensamentos e de tempo em "mode on" todos os momentos! Não é facil esse combate à inércia mental e a falta de concentração . Muito mais fácil e confortavel ao meu ego seria só existir e me deixar invadir pela autopiedade, sem lutar pra seguir em frente apesar dos tropeços, das feridas doídas e ainda expostas... 
Como estou? Vestida com as "armas de São Jorge", em trabalho ativo contra meu orgulho, em construção de uma fé mais disciplinada e racional, em busca de conexão com o alto... sem deixar a peteca cair.
E em tudo dai graças...