domingo, 6 de outubro de 2013

E quando tudo muda...

            E quando a vida parece um arco-íris de beleza e alegria, vem a tempestade e invade ... entra sem pedir licença e inunda a alma da gente....
          Descobrimos no inicio de agosto que estavamos gravidos...foi um mês de intensas emoções, decisões, planejamentos. Foi uma alegria geral saber que estava gerando uma vida e que estava embarcando em una nova fase de nossas vidas. Sentia uma leveza invadir minha alma, apesar da confusão mental das emoçoes novas insistir em querer dominar meus pensamentos ... de repente, tudo muda e decisões que seriam postergadas teriam que ser feitas no momento.... Então, vivi uma mistura de sentimentos e de ansiedade intensa. Decisões no trabalho, na universidade, no caminho profissional e pessoal, nas atividades diarias... noites acordadas com mente a mil, seguidas de dias de estudo ou trabalho. E apesar de tudo ... sentia uma leveza, uma certeza que meus anjos me guardam e me ajudam a conduzir meu caminho....


             E numa certa manhã de inicio de outono, num chalé com amigos em Mont-Tremblant...tudo estava tão gostoso e aconchegante, estava com 11 semanas de gravidez... Mas fui chamada à uma nova realidade e veio um pequeno sangramento. A dor de olhar aquela possível realidade que queria se impor começou a corroer minha paz. Controle de pensamentos e ansiedade em "mode on". Fomos na urgencia medica e a constatação no ultrasom foi uma tapa da realidade... estava confirmado o meu medo e era necessário utilisar meus mecanismos de aceitaçao das evidências. Era fato... e agora, como cortar um sonho, ele tava tão bom... e de repente eu tinha que encarar um pesadelo. E foram mais três dias de olhos encharcados, alma e corpo sangrando e noites em claro. Uma dor profunda rasgando minha razão.


          E nesses dias apesar de me sentir pequenina diante da vontade de Deus, senti uma força sem tamanho, uma energia que me confortava sem explicação... eram orações e vibrações vindas de todas as partes e de todas as formas para reerguer minhas forças... Conflito entre o meu "eu racional", "eu emocional" e meu "eu espiritual"... sim eu sou tudo isso, se é que me entende....nós somos. E nesses dias tive uma consciencia mais clara disso. Conversar com pessoas que vivenciaram isso me ajudou a entender as mudanças progressivas físicas no meu corpo para poder vivenciar com calma o momento final do aborto. Essa palavra doi dizer...
              E hoje rogo à Deus pelo esclarecimento de alguns mistérios da vida que encontro nos ensinamentos espiritas e cristãos.. e através dessa fé posso entregar e compreender com mais serenidade as dificuldades vivenciadas. Olhar pra frente, enxugar os olhos, encher o peito de esperança e continuar (com mais força na peruca!)...
 "E em tudo dai graças..." 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

E mais um desafio se anuncia: Universidade

             Amanhã começo meu mais novo desafio, vou recomeçar um curso na universidade, dessa vez em enfermagem. Vou dar continuidade aos meus estudos do cegep pra poder ter maiores possibilidades de crescimento, aumentar minha visão e ainda poder um dia ter um horário mais normal. Fui aceita no programa da Universidade de Sherbrooke que fica em Longueuil, uma cidade do outro lado da ilha de Montréal (fica na Rive-Sud, como Chateauguay). Começarei estudando em tempo integral na semana e trabalhando nos fins de semana (1 sobre 2) e vou ver como gerenciar isso .... Esse programa é especial para alunos que fizeram o curso no cegep e dura 2 anos se for feito completo em périodo integral, maaaas eles dão a possibilidade de fazer em tempo parcial tb. Vamos ver o que a vida me reserva...


             Estou me sentindo bem mais tranquila no trabalho, mesmo tendo ainda muuuita coisa pra vivenciar e aprender. Tive comentários muito positivos da minha chefe na minha avaliação final de probação e isso dá uma injeção de ânimo pra continuar. Ainda sinto muuuuitas dúvidas com relação à minha continuidade no hospital.... o trânsito e a distancia me corroem aos poucos e nesse verão foi uma prova de fogo por conta dos trabalhos de construção e renovação das pontes que dão acesso a Rive-sud à Montreal. As condições de trabalho e vantagens que o hospital oferece ainda estão com peso mais forte e por isso vou ficando por lá mesmo..... maaaas sempre aberta à novas experiencias... e por isso tb resolvi fazer a universidade.
             O ano letivo daqui começa agora em agosto/setembro... Cheia de expectativas!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

4 anos de Canada!

                   E mais um ano de uma avalanche de novidades e emoções ... é assim, cada ano uma pequena reviravolta na vida. Esse ano conseguimos realizar vários projetos antigos, tivemos respostas pra algumas de nossas angustias e inquietações, tivemos que tomar muitas decisões.... Compramos nosso ap, trocamos o carro, trocamos de cidade, finalizei meu curso, comecei a trabalhar numa nova profissão, acampamos nos parques durante o verão, começamos a fazer mais atividade física, fomos pro Brasil, recebemos meus pais e nossos amigos... todos os anos, faço uma retrospectiva mental de como estava nossas vidas e projetos há um ano atrás... e vejo como a mudança é intensa!






























Algumas fotinhas desse quarto ano por aqui!


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Exame da ordem de enfermagem do Québec! Passei!

               Perdi 10kg de ansiedade quando recebi meu resultado.... Que alívio! Por coincidencia estava no Brasil, exatamente no dia do encontro de comemoração de 10 anos de formada em Odonto, quando comecei a ver minhas amigas postando no facebook seus resultados e então liguei pra Herica ir na minha caixa de correios ver meu resultado tb. uffff mais uma etapa concluída. Sensação de dever cumprido, alívio e hora de ganhar mais energias pra prosseguir novos projetos. Saímos pra jantar e comemorar em dobro!
             A prova da ordem é obrigatória pra conseguir o título de enfermeira e poder trabalhar como tal. Eu estava trabalhando como CEPI (candidata ao exercício da profissão de enfermagem) que é basicamente o mesmo trabalho, mas com menos autonomia e com necessidade de supervisão em alguns procedimentos. A pessoa tem 3 tentativas de passar nessa prova após o término do curso. São dois dias de prova, um dia só de prática, onde vc passa por 16 estações clinicas com atores representando situações reais e um avaliador que observa o seu procedimento e anota seus pontos. Cada estação dura 10 minutos... a sirene toca, vc entra na sala, entrega seu codigo de barras pro avaliador, ler a situação e já começa a interagir como se vc estivesse em uma situação real. Em cada porta uma nova realidade... pos-parto, esquisofrenia, vacinação infantil, reação transfusional, delírum pos-cirurgico, ensino de procedimentos quando um paciente está isolado em quarto, ensino de diabetes descompensada, dor cronica x risco de suicidio, aplicação de vit K em recem nascido, pos- cirurgico com OAP, crise de angina, violencia conjugal, hemorragia digestiva..... affff pra mim foi uma maratona. Sai completamente acabada dessa prova, parecia que um caminhão tinha passado por cima de mim, uma dose de stress em alto nível. No dia seguinte mais outra maratona, uma manhã e uma tarde de prova escrita... não preciso nem dizer que saí com dor nos punhos de tanto escrever e a cabeça fervendo.  A prova téorica pra mim foi bem melhor pois já estou mais acostumada com o estilo, mas a prática... detestei, não fazia a menor idéia do resultado. E mais uma vez dou  graças a Deus por esse resultado final... só de pensar em passar por essa maratona de novo me dava um frio na espinha rsrsrs. Fiquei muito feliz de poder concluir esse projeto dentro do tempo que eu havia planejado e ainda ter conseguido passar de primeira.
                       Essa semana termino meu período probatório no hospital e terei minha avaliação final ... meu cargo já foi mudado de "CEPI" para "infirmière". E mais uma etapa se inicia....

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ahhh o Brasil...depois de quase 4 anos!

               E Então... depois de quase 4 anos retornamos ao nosso Brasl varonil cheios de emoções, expectativas e saudades do nosso povo e da nossa comida...estava transbordando de saudade, queria abraçar demoradamente aqueles que amo, queria saber minha reação diante do retorno. Foi um bate-volta super rápido, 10 dias apenas... foi o que consegui como folga no trabalho e já estava bem feliz por ter a oportunidade de estar presente no casamento da minha irmã, Cecília. Já fui preparada pra viver um super intensivão de emoções, reencontros, lembranças... 
              Chegamos na primera escala em Manaus -- sem malas, aeroporto em reforma sem ar condicionado ou no modo ventilação, pq o calor estava insuportavel, funcionários despreparados e sem saber nos dar uma informação clara sobre nossas malas e procedimento a seguir.... sentimento: chegamos ao Brasil, decepção .... mas nada podia me desmotivar, logo ia ver minha familia e amigos, e não ia ocupar meu coração com o lado chato da estória. Chegamos em Fortaleza na manhã seguinte e foi aquela alegria só... família, amigos, carinho de boas vindas, café delícia nos esperando... e o calor conhecido da terra do sol grudando no corpo e relembrando a agonia e alegria nordestina. Pegamos um transito caótico até chegar em casa.... mas a tapioca, o aconchego, as novidades... tudo era festa. E ai começamos uma maratona de visitar  amigos, lugares e família... todo tempo era tempo preenchido.
              Matei a saudade do peixe frito na praia, da carne de sol com macaxeira, da bolinha de bacalhau, da peixada, da bacalhoada do sorvete de sapoti da 50 sabores, do sushi, do feijão verde e do baião de dois.... afffff tanta delícia me dexa com água na boca. Revi muitas pessoas queridas mas não deu tempo ver todo mundo. O casamento da Ceci e Rani foi lindo. Me emocionei quando a vi radiante de linda ao entrar na igreja...ah como eu amo meus espetinhos e como foi bom abraçá-las de novo. Escutar de novo o sotaque cearense, ir no mercado central comprar castanha e cachaça, ir "pernar" com a mamãe na Monsenhor Tabosa, ficar descalça na areia da praia, mergulhar no mar .... essa coisa de origem é forte, foi como voltar pra nossa vida anterior. Conhecemos o novo apartamento dos meus pais e sentimos que eles estão bem e felizes, o que me enche de felicidade tb. Ainda tive a alegria de reencontrar minha turma da Odonto num jantar em comemoração aos nossos 10 anos de formatura! Conversa muita pra jogar fora, papos pra atualizar... Reencontrei minhas amigas-irmãs, meus cumpadres, conheci os filhotes (como cresceram?!), mais papo em dia.... ficou gostinho de quero mais, não deu tempo de atualizar tudo rsrsrsrs. Ainda fomos ao show do Paul McCartney no Castelão, que foi um espetáculo!
                  Foi tudo muito bom, foi tudo muito bem.... senti aquela saudade de novo na volta, saudade que aperta e doi, mas senti tb a tranquilidade de voltar pra casa, pro meu aconchego agora. Senti que meu lugar por enquanto é mesmo aqui no Canadá, que meus desafios estão aqui e o Brasil será meu doce refúgio de lembranças e de férias.
                            

sábado, 6 de abril de 2013

Piano, Piano...Vivendo um dia após o outro...

A diversidade cultural e linguistica de Montréal é incrível. Sou confrontada com isso diariamente no trabalho pois convivo com colegas arabes, haitianos, latinos e da europa do leste (romenos, bulgaros e russos) diariamente e sem falar que a nossa clientela é quase 50% italiana! Isso mesmo, o hospital fica num bairro de predominancia italiana e a terceira lingua mais falada é italiano lá dentro. Então, tenho que usar francês, inglês e mímica rsrsrsrs pq posso até entender o que eles falam, mas respondo em francês, inglês ou português kkkkk que onda! mas eu falo mesmo em português quando nada funciona. Esses dias tivemos um paciente italiano (claro!) casado com uma pernambucana (!!!!!), então imagine ai a mistura de oxe, capisce, grazi, obrigada kkkk e o meu orientador era mexicano (e ele se metia na conversa em espanhol!)... Dá um certo nó na mente indecisa sem refletir em que lingua responder.
Outro dia tive outra paciente italiana, uma verdadeira "mama"... falava pouco em francês e nada em inglês, só italiano. Mas falava pelos cotovelos e alto como uma boa mama italiana! kkkk se vira minha filha... Ela sabia que eu estava começando pq estava com orientador, então todo procedimento que ia fazer ela sorria e dizia: "piano, piano". E assim eu recebia de coração aberto mais uma lição do dia. Ela ainda conseguiu tempo pra me contar como foi a imigração dela à 50 anos atrás da Italia para Montréal... kkkkk em italiano. E tome "piano, piano".

" Piano, Piano..
In a world where everything has to be done by yesterday and fast doesn't always equal better or even done, this proverb reminds you that you don’t need to rush to get to any place, that the only thing you need to do is taking small consistent steps at once, every day, to get where you want to go in life. It reminds you that a little bit of little things makes a big thing. It also reminds you that when you slow down you see things clearer and, therefore, is more difficult to get into muddy waters."
http://365thingsloveinlife.blogspot.ca/2012/02/713-i-love-italian-saying-piano-piano.html


quarta-feira, 3 de abril de 2013

"Engrossando a casca..."

E de adaptação em adaptação, a "casca vai engrossando" e a gente vai crescendo .... 
Minha adaptação à nova profissão e ao novo trabalho tem sido dificil. É tudo tão novo e cheio de desafios que eu me sinto colocada à prova de fogo diariamente. Mas é pra isso que viemos nessa vida, então arregassa as mangas, baixinha e "mete os peitos" sem medo porque tudo isso é só o começo.
Uma semana após o término do meu curso, comecei o meu trabalho no Instituto de Cardiologia de Montréal, um dos hospitais e centros de pesquisa mais bem conceituados no mundo. Foi uma escolha dificil de ser feita por conta da propria complexidade de se trabalhar num centro de excelência e onde o nível de exigência é elevado, ainda moro muito distante (relativo... 35 km, mas o tráfico....) e portanto perco um precioso tempo de deslocamento. Apliquei pra trabalhar no hospital regional daqui de Châteauguay, fui aceita, recebi toda a documentação em casa e na hora de assinar.... liguei recusando o trabalho. Ahhhh as escolhas.... tão dificil às vezes e tão determinantes. Não sei nem explicar, mas algo mais forte me fez tomar a tal decisão e aqui estou eu, entupida de stress, imunidade baixa, herpes na boca e uma crise de asma.... um enorme desafio pela frente e a impressão (eu nunca tenho certeza...) de que estou no caminho certo (e existe caminho certo?!).
O mês de fevereiro foi punk, elevado ao quadrado! Para ser aceita no trabalho fiz uma formaçao téorica no hospital e tinha que passar numa prova com média minima de 75% (conteúdo novo pra mim e bem mais especifico do que tinhamos aprendido no cegep), ao mesmo tempo que tinha que estudar pra prova da ordem de enfermagem em março (pra obter o direito de exercicio da profissão) e ao mesmo tempo me adaptar a nova rotina de deslocamento, horário e tráfico .... e ao mesmo tempo rsrsrs tive a alegria de receber na nossa nova casinha os amigos-irmãos Najla e Roni, que depois de dois anos resolveram nos dar a alegria de abraçá-los novamente. Bom, dei o melhor de mim pra cada coisa, mas queria tanto ter aproveitado mais com os meninos... foi tão bom tê-los aqui de volta, vivenciar os velhos tempos, rir e falar besteira, filosofar da vida, beber e chamar o huuuugo kkkkkkk eu queria só dizer: volta,volta,volta! E no fim "quem parte leva saudade de alguém que fica chorando de dor", e assim foi aquele chorôrô na despedida...
No mês de março fiz as provas da ordem... que maratona da p.! 2 dias do fim de semana no modo "on" intensivo. Achava que tinha completado todas as células do meu organismo de stress, não tinha mais espaço pra absorver nada e nem pensar .... à qualquer ai, uma lágrima rolava... mudança de humor na velocidade da luz. Só tendo um anjo como Anércio mesmo pra segurar a barra...tadinho! Obrigada, meu lindo por tudo.
Ahhh... no meio desse engodo ai de cima, tive que me adaptar à trabalhar de madrugada (das 23:45 às 8:00). É... meus horários são alternados entre manhã e madrugada à cada 15 dias mais ou menos. Isso tudo se refletiu na minha saúde e minha imunidade baixouuuuu.... o que mais me impressionou foi a crise de asma, por conta da anxiedade extrema e uma tosse alérgica (a que?) incessante, um piado no peito que eu não queria acreditar que era verdade, apareceu, mas foram resolvidos com antialergicos e bombinhas. Meus novos acessórios indispensáveis na bolsa rsrsrs.
Semana passada terminei a minha orientação prática na unidade de trabalho (7 dias na madrugada e 9 dias no périodo da manhã) e agora estou no meu périodo de probação (30 dias trabalhados).  A cada dia uma avalanche de novas emoções, criticas, aprendizado. Estou trabalhando na mesma unidade onde fiz meu "externato", então já me sinto mais familiarizada com os colegas de trabalho e as situações clínicas.... Tenho a ajuda de uma monitora clínica à distancia que pode se deslocar em caso de urgência, que me acompanha através dos meus relatos clinicos diários (tenho que preencher um livrinho que diz o que eu aprendi no dia e meus objetivos para os proximos 5 dias) e que me orienta diante de decisões e dificuldades no trabalho. Considero uma ótima estrutura de apoio ao novo empregado....mas eles não soltam a rédea não, é pressão... Trabalhei o feriado da Pascoa inteiro e vou continuar nesse intensivão no mês de abril porque pedi liberação de 15 dias no mês de maio pra ir no Brasil. Quase não consegui, mas com o apoio de todas as forças do universo, consegui 12 dias.... E aí vamos nós, dia 01 de maio com o destino mais esperado: Fortaleza, terra do sol!!!!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Fatos e relatos no CEGEP

     Eu já comecei o Cegep meio "troncha"... entrei sem saber direito como era, sem saber direito se queria, sem saber direito como funcionava e sem entender direito o sistema rsrsrs Era inverno de 2010, meu primeiro inverno aqui, tb não estava habituada à viver todas as conveniências e inconveniências do inverno. Ou ficava com calor de tanta roupa ou ficava com frio... Entendia tudo o que era explicado na sala de aula, não entendia nada quando falava na informalidade fora da sala...tinha vontade de desaparecer algumas vezes. Ou almoçava sozinha com meus pensamentos ou almoçava arrodeada de gente, mas sozinha pq não entendia ...rsrsrs, mas sempre tentei me integrar, participar das conversas, entender os costumes diferentes e explicar minha visão... mas às vezes a cabeça ferve, borbulha; sentia que a vida tava naquele ritmo mais acelerado do LP (kkk eu sei é o novo, parecia que a vida passava no 77 e eu estava no 33 da radiola kkk). Quando descobri que tinha que estudar literatura francesa e québequense durante 4 sessões e fazer uma mega-ultra dissertação pro Ministério da educação, que ainda tinha 2 filosofias pela frente e que eu ainda tinha que fazer educação física téorica e prática.... hummmm, engoli, desceu rasgando e respirei profundamente, não queria acreditar que eu estava embarcando nisso. Por que eu não consigo ser mais simples e escolher caminhos menos dificeis nessa vida, oxe meu Deus, me diga?!
  • Literatura: na minha primeira sessão eu fiquei tão loucamente desesperada com essa matéria que estudei feito uma condenada, lia, lia, lia... escrevia, escrevia.... pedi ajuda extra pro serviço de tutoria que me salvou e me fez entender o objetivo do curso. Parecia uma louca lendo sentada, em pé, em qq lugar..rsrsr resultado: tive uma das melhores notas, minha professora colocou minha dissertação  na projeção na lousa e pediu pros alunos ter como exemplo e ainda pediu palmas pelo meu empenho... mooooorri de vergonha, mas vi que tuuuuudo era possível e que poderia ir mais longe.
  • Inglês: minha maior decepção... ainda se encontra escondido em algum lugar perdido do cérebro, um dia ele acorda... Me colocaram no nivel avançado pq fiz a prova de classificação logo quando entrei no cegep mas o curso de ingles, só um ano depois.... fiz uma prova de "listening"que só consegui responder 1questão de 20! Sai da sala e uma onda de raiva, calor e decepção inundou o meu ser. Chorei compulsivamente depois da prova, tive que chamar os superpoderes acalmadores do Anercio. Quando ele chegou eu já estava igual um tomate espremido, imagine a "cara da derrota". Falei depois com meu professor, pedi pra sair, pedi pra mudar (rsrsrs no meio da conversa eu ja estava chorando pra variar) e ele disse que não, que eu ia continuar e que eu ia passar ... afffff, tive que me espremer pra melhorar na gramatica e redação pra conseguir. Eu cheguei a decorar uma redação inteira, colori cada paragrafo de uma cor diferente (estratégia) ...coisa de maluco.... se alguém me empurrasse antes da prova era capaz de esquecer, mas deu certo. E na sessão seguinte tive que participar de um debate na frente da sala sobre o aborto...que papelão, ai, ai. É cada uma ... queria desaparecer, mas tive que dar uma tapa no meu orgulho.
  • Educação Física: na primeira sessão tive que fazer uma coreografia de aérobica com minhas coleguinhas para apresentar pra turma. Ningém merece.... Éramos 5 e elas só queriam ficar tirando foto de frente pro espelho e conversar abobrinhas... "vum bora minha gente, que eu quero é terminar e pegar o beco". Treino de paciência... No badminton, eu jogava com a parede pq nao acertava a p. da peteca rsrsrs e ainda tinha que sair correndo pra não perder o onibus pra ir pro trabalho (na limpeza do hospital, na sexta feira à noite). Isso sim, treino reforçado de paciência....
  • Filosofia: apesar de toda a dificuldade, foi uma descoberta maravilhosa poder estudar um pouco mais sobre os pensadores e pensamentos alheios... 
Continuo depois com os "fatos e relatos"de enfermagem, já está longo... 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"A beleza de ser um eterno aprendiz..."

               Finalmente.... terminei meu curso de enfermagem depois de 3 longos, duros e intermináveis (rsrs) anos. Quando sai da minha sala após a minha última prova, uma sensação estranha invadiu minha alma... terminei mais cedo que a maioria, fui almoçar na cafeteria sozinha e (re)vivi os primeiros dias de cegep. Sozinha e em meio aos meus pensamentos, deixei passar na minha cabeça o filme dos 3 anos que vivi naquela escola, respirei fundo e segurei minhas lágrimas de alívio... ufff que alívio de terminar essa etapa e de poder seguir em frente, mudar o foco. Sensação de dever comprido comigo mesma. Agradeci em oração aos meus anjos de proteção encarnados e desencarnados que me acompanham diariamente na minha jornada de crescimento, que me auxiliam nas minhas escolhas, que iluminam minha vida com palavras, inspirações e gestos de amor. Essa foi uma vitória coletiva.



                    Foi tanto rebuliço em nossas vidas desde nossa imigração.... A decisão de recomeçar em nova profissão e todo o aprendizado que vem junto... O medo do desconhecido, o trabalho incessante em cima de dragões ferozes como o orgulho, o desânimo, a baixa estima... os fins de semana e noites dedicados  aos estudos, as recusas à viagens, passeios, saídas...a vida à base de bolsa de estudos. Uma palavra: intenso. Intenso em todos os sentidos da vida. A aceitação de toda essa mudança foi um processo...levou tempo e  lágrimas. Senti rasgar dentro de mim e Anercio tb. Mas sentimos tb um fortalecimento de nossa fé, de nossa vida, de nossas decisões, do nosso relacionamento e da confiança em nós mesmos. O curso foi além dos limites esperados rsrsrs...
                 Há 10 anos concluia tb meu curso de Odontologia cheia de aspirações e sonhos... e quem imaginaria que estaria nessa trajetória depois desse tempo. O tema da minha turma de 10 anos atrás continua ressoando na minha mente em doce melodia: "A beleza de ser um eterno aprendiz..." e assim seguirei sempre aprendendo pq quanto mais estudo mais me dou conta da minha pequenez diante da vida. E como podemos ser atores de diversas formas nessa vida, a mudança nos proporciona novas perspectivas, muda o campo de visão e amplia as possibilidades... Sinto que a responsabilidade social tb aumenta e já estou doida pra colocar em prática o que aprendi nos livros, nos estágios e na escola.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Recontando 2012...

           Voltando das cinzas... Foram muitas emoções vividas esses últimos tempos! Terminei minha sessão que estava em greve (finalmente terminei as matérias não espécificas do curso), nos mudamos, começamos a ajeitar o nosso novo cantinho, recebemos no outono papai e mamãe no nosso novo lar, périodo de adaptação com a nova cidade, novas rotas, nova academia, nova rotina, entrevistas para emprego e .... finalmente ... minha última sessão de estudos no "cégep". Mais um périodo intenso vivido!
             A nossa mudança pra Châteauguay representa a chegada de um novo ciclo e com ele muitas novas adaptações.... uma das melhores coisas é a proximidade dos nossos amigos.  É impagável tê-los pertinho, passar fins de semana deliciosos com nossas festinhas, jogos, comidinhas, foundies, vinhos ... sem ter tanta preocupação em voltar dirigindo, em chegar uma hora depois em casa. Aqui também temos todos os serviços pertinho de casa e resolvemos nossas necessidades com bastante praticidade. Começamos a participar do grupo de estudo espírita que os nossos amigos tinham começado aqui (deixamos de ir no Centro JAC pertinho lá da Cadillac- que pena!) e isso fortalece bastante a nossa amizade e o nosso espírito, relembrando que devemos colocar em prática os ensinamentos aprendidos. Passeamos de bike ao lado do rio, começamos uma nova academia, vimos o por do sol magnifico de um lugarzinho especial que descobrimos aqui... Construir o nosso lar é a concretização de um sonho à dois e isso inumda meu coração de contentamento e gratidão.



              Essa felicidade vem mesclada com o outro lado da adaptação pq nem tudo são flores. Aprendi que a aceitaçao vem com o tempo e a paciência... aceitar e viver o tráfico daqui pra Montréal levou tempo e lágrimas, enfrentar os medos, mudar a rotina ... Passamos a dormir bem mais cedo, e a acordar de madrugada pra sair cedo (começo meu estágio às 07:30 do outro lado da cidade, preciso chegar com muita antecedência pra estacionar o carro, trocar meu uniforme e subir pra unidade de trabalho - isso no contexto de inverno dificulta mais). Pra mim foi um conflito diário vivenciar isso e pra dismistificar essa problemática tentava desenvolver estratégias de aceitação... e funcionou. Sei que seria necessário essa vivência e esse tempo pra aceitar nossa decisão (de sair de Montréal)... tem coisas que são mais dificeis de digerir pra mim e eu estava consciente disso. E parece que quanto mais algo é dificil pra vc, mais sua visão é bloqueada pra entender as soluções... Bom, finamente, isso serviu pra me dar muito mais segurança dirigindo em autoestrada e na neve, à aumentar a confiança em mim mesma, à aumentar minha capacidade de adaptação... ver desafios como oportunidade de crescimento pessoal, transformar situações. Hoje me sinto bem mais tranquila quanto à nossa decisão e a repercussão dela no nosso cotidiano. E por incrível que pareça, até o engarrafamento diminuiu rsrsrsrs


           Nesse outono tivemos a grande felicidade de receber meus pais, de mostrá-los nosso novo cantinho e de viver juntos momentos maravilhosos. Como é gostoso ter o abraço e o cheiro deles pertinho.. amo tanto. Eles chegaram no dia de ação de graças daqui do Canadá e nós aproveitamos pra fazer um almoço aqui em casa e agradecer por tudo desse ano. Foi uma semana intensa ...  fizemos picnic no Mont Royal, passeamos no parque, fomos à Ville de Québec com os chineses, passeamos no Bateau Mouche no rio Saint Laurent, fomos à Mont-Tremblant, mostramos a nossa pequena e pacata cidade. Deixou gostinho de saudade... Eles sairam daqui com destino à uma viagem maravilhosa com meus tios na Europa e eu fiquei com o recomeço de uma nova sessão de estudos. Essa semana foi uma "pause" providencial entre duas sessões de estudo.